Dialeto Sulista

A Feira do Livro

Posted in Dialeto Sulista by LEONARDO ST. on 20/10/2009

Vai começar a Feira do Livro de Porto Alegre, pela 55a vez. Localizada no centro da cidade, concentra lançamentos, sessões de autógrafos, entrevistas com escritores consagrados. Trocentas bancas expõem livros, com grande destaque a lançamentos e best-sellers – é bem provável que os livros de uma banca sejam encontrados em todas as outras; não adianta mudar de local.
O movimento é grande, principalmente nos horários não-comerciais. Para dar vista aos livros, é preciso brigar por um lugar ao sol. Pode ser através de cotoveladas, que são eficientes mas geram irritação, dor e, eventualmente, reações adversas. Pode ser, também, com empurrões sutis, utilizando-se ombros, por exemplo, ou até mãos e pernas. Demora mais, mas provoca um estrago menor.
De qualquer forma, o importante é chegar até os livros. Uma vez ultrapassado o primeiro obstáculo, o vivente deve saber que a permanência à frente da banca não pode se prolongar. Uma posição invejável nem sempre é uma boa opção, e se o dono da banca entender que desse mato não sairá coelho, ele nem te olha mais na cara. Dá atenção aos que parecem melhores (e mais céleres) compradores.
Muitos vão à Feira para olhar os balaios, ou seja, liquidações de velharias literárias que todo mundo já possui, nem que seja na minibiblioteca da mãe, pai, avó…
É um verdadeiro Camelódromo do Livro.
A propósito, assim como todo porto-alegrense, também tenho minha história na Feira do Livro.
Há alguns anos atrás, quando estava envolvido até a raiz do cabelo no meu trabalho de conclusão, vi a necessidade proeminente de adquirir novos livros para dar continuidade à pesquisa, já que a biblioteca da universidade não supria minha demanda. Coincidentemente, aquele era o último dia da Feira do Livro, um domingo quente e sem sol, que chamamos carinhosamente de mormaço. De bermuda e camiseta, fui para o Centro, disposto a prestigiar o evento, coisa que não fazia há muitos anos.
A cobertura que é colocada para a realização da Feira, permitia uma sensação térmica muito próxima ao que os senegaleses estão acostumados a sentir nos seus verões escaldantes. O público estava derretendo. Enormes pizzas eram desenhadas nas camisas, enquanto gotas generosas de suor eram derramadas em quantidade anormal. Para acessar às bancas, não seria suficiente empurrar quem estivesse à frente – e não era pouca gente. Era preciso se lambuzar no contato físico. E eu fui em frente, com bravura e muita vontade de fazer valer a pena todo aquele desprazer.
Nas bancas, nenhum livro interessante. A frugalidade predominava, e nenhum dos livreiros levara à Feira coisas mais técnicas e, por conseguinte, menos pop (se meu TCC fosse sobre auto-ajuda eu tava bem servido). Naquele ano, vários jornalistas da RBS estavam se descobrindo escritores, e seus livros enchiam as prateleiras. Esses livros eram encontrados em todas as bancas do Camelódromo, digo, da Feira do Livro.
Uma vez exaurido e descrente, resolvi cair fora daquela selva. Ainda tentei pedir ressarcimento por todo tempo perdido, mas quando a lissergia provocada pelo desconforto passou, me dei conta de que não seria plausível.
No caminho de casa, lembrei da Livraria Cultura, e para lá me dirigi.
Primeiramente, cabe ressaltar que a sensação térmica a seguir era a ideal. Centenas de livros à disposição e todos com descontos acima daqueles oferecidos na Feira do Livro. Com tantos atendentes à disposição, encontrei logo o que procurava. Sentei para examinar com calma toda fartura que à minha frente se oferecia. Com tranquilidade, selecionei três livros a preços bem razoáveis, que acabaram sendo fundamentais para a realização do trabalho. Ainda consegui dar uma olhada nos dvd’s, tomar um refri sem enfrentar fila, e ver a tarde de domingo se esvair me arrependendo de não ter lembrado antes da Cultura.
Em dias de Feira do Livro, antes de comprar minha próxima leitura, já sei aonde NÃO DEVO IR.

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one more rainy day: deep purple soando como ray connif

Posted in Dialeto Sulista by LEONARDO ST. on 09/09/2009

Começar a semana com chuva traz um desafio: como abandonar a cama com a mínima saúde mental para enfrentar o dia de trabalho? É preciso um tempo de meditação no conforto singular do colchão para que uma conclusão apareça. SLOWLY, eu diria. Vagarosamente. Cuidadosamente. Pelo menos hoje já é terça, diz timidamente aquela voz otimista em busca de um alento.
Invento de vir para o centro, contrariando a vontade ululante de ficar em casa. O que vejo são poças d’água, pessoas correndo, vento, umidade… Dantesco. Mas é a realidade do trabalhador que não pode escolher o próprio horário. A escravidão dos tempos modernosos.
Mal sabe a classe empresarial que meus melhores momentos ocorrem no final da noite, começo da madrugada. É quando tudo funciona melhor; cérebro, aparelho digestivo, coordenação motora. E eu aproveito bem esses momentos, devo bradar.
Mal sabe a classe patronal que nas manhãs letárgicas eu sou 30% do que poderia ser, graças à ditadura do horário comercial. E faço questão de manter essa situação como está, fique claro.
A carga horária é que fode tudo. Oito horas. Por que tanto? Ofereçam seis horas de dedicação plena e eu assino na hora, sacripantas. Todos temos a ganhar. Nem falo em trabalhar em casa porque sei que vocês, senhores feudais, não estão preparados para um salto desta magnitude.
Um dia molhado, cinzento, rançoso é um grande motivo para a permanência no aconchego do lar. É o que há: abrir a geladeira despretensiosamente no meio da tarde e achar uma lata de cerveja abandonada, mas estupidamente gelada. Os dedos quase congelam de felicidade.
O dia sem cerveja que vai se encerrando em tons de cinza, não deixa boas lembranças. E é bom que termine logo!

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about twitter e etc.

Posted in Dialeto Sulista by LEONARDO ST. on 31/08/2009

Até que o Twitter não é tão inútil quanto eu pensava. Basta seguir pessoas que tenham algo a dizer, embora a praga do merchandising esteja presente em grande profusão por lá. Twitter é mais um programa de relacionamentos via web – como se já não existissem suficientes formas de matar a curiosidade sobre a vida alheia.
Sou do tempo do ICQ, irmão mais velho do MSN e primo dos assemelhados, mas quase não uso esses mensageiros hoje em dia. Com a multiplicação das redes sociais, fui percebendo que minha ferramenta favorita voltou a ser o email, até porque o orkut e o myspace foram se tornando muito chatos com a superpopulação que tomou conta dos servidores. Email, para quem passa o dia todo online, ou quase isso, é o meio de comunicação mais eficaz. Respondo na hora.
Mas o twitter tem seu charme, sim. Gostaria de ver mais gente postando lá, pois tenho às vezes a sensação de que só o pessoal da Comunicação faz bom uso das ferramentas de texto disponíveis. Quanta gente poderia escrever mais e não o faz por vergonha, ou por não se considerar apta. Ao mesmo tempo, como é grande (e crescente) o volume de excrescências que partem de canais importantes e bem acessados.
O lado bom disso tudo é que a democracia não obriga ninguém a ler o que não quer, e ainda permite que se leia pelo simples prazer pela irritação.
Quem quer, e, acima de tudo, quem procura, acha coisa de qualidade por aí. Às vezes saio à caça de novas fontes de leitura. Ajuda a combater o ócio. Mas o twitter não permite que se localizem pessoas por assunto. Se eu quiser descobrir alguém que se manifeste diariamente sobre política (exemplo esdrúxulo), não vejo como fazê-lo.
A propósito, meu twitter é http://twitter.com/lgsteno.
Até agora postei apenas um tweet, mas pretendo melhorar minha participação.

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a vida é um plano de saúde

Posted in Dialeto Sulista by LEONARDO ST. on 18/08/2009

Três apertos de mão em menos de meia-hora. Uma caneta esferográfica emprestada de terceiros para uma reles assinatura num pedaço de papel. O pedaço de papel é entregue a uma pessoa, que o repassa para outras mãos em poucos segundos, até cair na minha mesa. Levanto e coloco álcool nas mãos. Sento. Utilizo mouse, lápis, teclado, pego um calendário, teclo alguma coisa na calculadora. Preciso ler o pedaço de papel, para lembrar do que se trata. Seguro a folha com as duas mãos. Enquanto leio, coço o olho com o indicador da direita, até me dar conta de que posso estar me contaminando com a gripe suína com este ato tão desnecessário quanto corriqueiro. Penso: é a paranoia coletiva. Retomo meu foco para o trabalho e esqueço do vírus. Entro na internet para ler emails. Tem um que fala do número de mortes pela gripe suína que não estão sendo divulgadas para não causar pânico à sociedade. Segundo o spam, pessoas jovens e saudáveis morrem, pessoas de 30 anos são vulneráveis, e por aí vai. Lembro de presenciar uma conversa dias atrás na qual se dizia que pessoas têm morrido sem apresentar sintomas, numa ação fulminante do vírus da gripe suína.
Alguém fala sobre a NOVA gripe. Fico pensando se já existe uma mais recente que a suína. Na verdade não posso afirmar que estou pensando, seria uma demasia.
Volto ao trabalho, enfim. Uso o telefone, mexo no controle do split e pego a folha de papel, a mesma de antes. Uma das pessoas a manusear a folha minutos atrás, espirra, levando as mãos ao rosto. Agiu certo, mas quantas outras vezes ela não teria feito o mesmo antes de segurar aquele pedaço de papel que agora repousa sobre o tampo da minha mesa? Mais uma vez me vejo tomado pela histeria da gripe. Alguém vem me dizer que o vírus foi desenvolvido pelo fabricante do Tamiflu, que, graças à gripe, já teria faturado dezenas de bilhões de dólares com as vendas do produto.
Quando tento voltar ao trabalho, mais alguém resolve voltar ao assunto do momento, e eu me ponho a escutar mais opiniões e coisas que a imprensa não divulga, ou que o governo não deixa vazar. Às vezes caio na asneira de perguntar quem é a fonte, mas logo me arrependo… As fontes são pessoas que trabalham em hospitais, sempre. Uma mulher de 25 anos, segundo a amiga da cunhada de sei lá quem, que trabalha num hospital (é lógico), teria buscado atendimento médico para um probleminha estomacal. Segundo o relato, dentro do hospital ocorreu contaminação pelo vírus da gripe suína, seguida de morte por pneumonia. Assim, fulminante.
Pela última vez encosto no pedaço de papel, aquele que hospeda 3 gerações do vírus da gripe, para jogá-lo no cesto de lixo, ao lado da mesa. Certo de ter me livrado do principal foco de contaminação, passo álcool nas mãos e volto para meu lugar, bem mais tranquilo.
Até alguém lembrar que os asmáticos pertencem ao grupo de risco…

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a vida é um boleto bancário

Posted in Dialeto Sulista by LEONARDO ST. on 10/08/2009

Não estava raciocinando direito quando decidi cursar ciências contábeis, ali nos anos 90, infectado pelo vírus da escolha por uma profissão rentável. Nenhum curso me seduzia, e eu queria aproveitar minha facilidade com números – inegavelmente, um diferencial no planeta capitalismo. Fui, então, para a contabilidade, após verificar as boas possibilidades que o mercado me garantiria, uma vez graduado. Existia a chance de trabalhar com perícia e auditoria, o que me deixou quase empolgado.
No primeiro semestre, o curso parecia interessante. Cadeira de contabilidade mesmo, só uma, pois o resto era relacionado a economia, administração e direito. Uma boa escolha, me pareceu na época, tal a variedade de disciplinas que me eram apresentadas.
Mas eis que começaram a aparecer os balanços patrimoniais e demonstrativos de resultado, e, do dia pra noite, o curso se transformou numa entediante incursão pelo universo contábil e suas pequenas alternativas acadêmicas. A cada nova cadeira, uma nova conta. E nada mais.
Certa noite, o professor de Contabilidade Pública convidou para uma palestra seu amigo, membro da CAGE – Contadoria e Auditoria-Geral do Estado do RS. Boa saída para o marasmo. Momento para prestar atenção no palestrante, já que as aulas normais me provocavam mais sono que uma partida de vôlei.
Fomos para uma sala equipada com projetor. Todos pareciam interessados no que ele apresentava. Um órgão público de grande relevância e, consequentemente, de boa remuneração para seus servidores.
Tudo ia muito bem, pois o cara tinha fluência no vocabulário contábil, boa didática e mostrava-se um verdadeiro especialista no assunto em questão. Tanto é verdade que eu até me mantive acordado – coisa rara durante minha viagem pelos redutos obscuros das ciências contábeis.
Até que o professor, um coadjuvante inútil diante de uma turma de alunos que não o suportava e vibrava com a dinâmica daquela palestra, resolveu dar o ar de sua graça, até para mostrar quem mandava naquela birosca. Pediu a palavra e ordenou que duas alunas que balbuciavam coisinhas sem, devo dizer, atrapalhar a palestra, ficassem quietas ou se retirassem da sala. Além de desnecessário, autoritário. Elas prontamente cumpriram as determinações e silenciaram.
Quando a palestra encaminhava-se para o final, após duas horas, aproximadamente, uma das colegas que teve de calar perante a autoridade do mestre fez a pergunta que traria uma dose letal de constrangimento ao recinto. Exposto na lâmina o balanço patrimonial do estado do Rio Grande do Sul, governado por Antônio Britto na época, a moça questionou: onde está a conta PRECATÓRIOS neste balanço?
O palestrante ajeitou o óculos, olhou para lugar nenhum durante vinte segundos, e pôs-se a procurar a palavrinha precatório naquele imenso labirinto de letras e números, o qual ele deveria supostamente dominar, diga-se. O professor tentou ajudar. Pareciam dois vestibulandos procurando seus nomes no listão. O borburinho foi aumentando, e alguns nerds que babavam na primeira fila chegaram a ajudá-los na busca, o que talvez lhes rendesse algum crédito junto ao professor – sabe-se lá o que passa na cabeça de um nerd. Enfim o palestrante, frustrado e com a auto-estima enterrada sete palmos abaixo da terra, desistiu de responder à pergunta da aluna, cujo ar triunfante era sinal de uma vingança bem arquitetada. “Comprometo-me a pesquisar uma resposta e, tão logo a tenha em mãos, transmiti-la ao professor”, foram as palavras do convidado. Triste, o professor olhava para o chão. Em lugar da tradicional arrogância, uma certa, por que não dizer, humilhação era fortemente perceptível.

* Permaneci três anos e meio no curso de contábeis. Formei-me depois em administração, mas nunca tive a sensação de ter feito uma boa escolha.

a volta

Posted in Dialeto Sulista by LEONARDO ST. on 29/07/2009

Depois de 10 dias de reclusão em função das merecidas férias, encontro-me na semana da volta. Na segunda-feira, 27, dia do retorno, quando eu deveria ser a pessoa mais descansada da civilização, fui traído pela insônia, desprezível conhecida que me aparece vez que outra para dar o ar de sua graça.

Na noite do domingo, 26, deitei-me cedo, antes das onze e meia, convicto de que dormiria logo e aproveitaria umas boas horas de sono. Tevê ligada; timer ON. Luzes apagadas, edredons…

Quatro horas depois, acordado, olhando para o relógio, vendo se esvaírem as possibilidades de uma noite razoavelmente dormida, direcionei minha criatividade a inventar desculpas para não trabalhar no expediente que se aproximava,  a temível volta das férias. Nada de bom me ocorreu.

Quando o primeiro despertador tocou às 7 horas  (costumo utilizar três), tive a sensação de ter dado uma longa piscada de olhos, um esboço de descanso. Mas levantei e fui trabalhar. E passei o dia agindo como um morto-vivo –  tirando o ataque a pessoas para fins de alimentação -, com aspecto de Al Pacino em Insônia, letargicamente respondendo aos estímulos sem nenhuma perspicácia.

Assim foi a volta. Muitas olheiras e pouco trabalho. Pouca disposição e muita preguiça.

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a vida é uma praia

Posted in Dialeto Sulista by LEONARDO ST. on 14/07/2009

Faltando poucas horas para o início das férias, já vou me acostumando à rotina de inércia e hibernação, quando me tornarei um ermitão irlandês alheio a tudo e a todos. Apenas dez dias, infelizmente, mas a felicidade plena será imperiosa, longe desses probleminhas mundanos que preenchem o tempo em que eu deveria estar oferecendo algo à sociedade.

Coisas como acordar às 7 e pouco, escutar no rádio que a temperatura é de 10 graus e sair da cama, não vão acontecer nos próximos dias.

Refeições desregradas, ausência de horário para o que seja, liberdade de ir e vir,  são outras vantages inerentes a férias.

É tempo de experimentar as cervejas importadas que adornam as estantes dos supermercados. Nada como abrir uma long neck no meio da tarde e degustar descompromissadamente.

Locadoras e salas de cinema vazios às duas da tarde – pena que seja época de filmes para retardados, já que coincide com o recesso escolar de julho.

Sem falar na possibilidade de almoçar pizza sempre que der vontade…

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álbuns forever

Posted in Dialeto Sulista by LEONARDO ST. on 09/07/2009

Só porque eu gosto de fazer rankings.

1º Physical Graffitti, do Led Zeppelin. Trata-se de um disco duplo, que foge ao conceito de álbum conceitual. Transita por vários estilos musicais: rock básico, progressivo, indiano, pesado… O que me chamou a atenção nas primeiras escutadas não foi a “popular” Kashimir, mas sim uma porrada chamada In My Time of Dying, que considero até hoje a melhor performance de uma banda em estúdio.
2º Abbey Road, dos Beatles. Quando comprei não esperava muito, pois já conhecia (quase) tudo de Beatles e nada mais me surpreendia. Mas quando a agulha e o vinil se encontraram, a sensação era de que nada podia ser mais perfeito. Tudo porque resolvi começar pelo lado B, aquele que recebeu atenção especial de McCartney para a confecção dos arranjos em canções muitas vezes simples, mas especiais. Golden Slumbers e Carry That Weight são o ponto mais alto do disco.
3º Machine Head, do Deep Purple. Comprei num sebo, num momento em que só conseguia escutar Led Zeppelin. Quem me indicou foram fãs do Purple, gente de confiança. Confesso que não o valorizei no primeiro momento; acho que o peso da bateria de Bonham, do Led, retumbava na minha cabeça e me cegava para outros sons. Foi por causa de Lazy que mudei de ideia a respeito do disco, embora ele seja todo bom.
4º Hunky Dory, do David Bowie. Brit rock na essência. Baladas repletas de influências setentistas, violões, solos de guitarra e vocais inspirados. Gastei uma fortuna no cd importado, num momento de dólar a peso de ouro, mas valeu cada centavo, até pela nitidez sonora que aquela remasterização gringa oferecia. São 11 músicas que remetem ao que Bowie tinha de melhor: a criatividade de compor e a emoção de interpretar.
5º Led Zeppelin 2. É um disco de blues e ninguém sabe. Teimam em chamar de heavy metal, quando na verdade as raízes do blues americano são nítidas em quase todas as faixas. Como eu não achava o disco para vender, considerava-o uma raridade. Nunca foi. Acho que vendia muito por causa de Whole Lotta Love, mas esta não é a melhor música. O que mais me marcou e continua sendo minha faixa favorita do Led 2, é The Lemon Song.
6º Sticky Fingers, dos Rolling Stones. Riff’s de guitarra me vêm à mente quando lembro desse disco. Can’t You Hear me Knocking, em meio a muitos hit’s, é o meu destaque. Tem coisas acústicas, o que funciona para quebrar a crueza rockeira. Não tem frescuras, não tem balaca: é rock direto nas têmporas.
7º Animals, do Pink Floyd. Não é popular, como The Wall ou Darkside. Não é tão belo quanto Meddle. Não é psicodélico nem musicalmente conceitual, embora seja inspirado em George Orwell – A Revolução dos Bichos. Mas a capa é hipnotizante, além de ter a música que mais me impressiona até hoje quando o assunto é Pink Floyd: DOGS. Uma construção sonora, com lirismo à guitarra, letra melancólica, parede de violões e alterações rítmicas. O disco me marcou por sua atmosfera absolutamente original, e a forte presença do progressivo.
8º Fita K7 gravada no final dos 80 no meu saudoso 3 em 1, da National. Eu precisava de material novo para meu walkman, e comprei uma fita ferro da TDK. Em duas tardes escutando a rádio Ipanema, que na época enfatizava a música de qualidade, consegui reunir coisas que não conhecia e misturar com clássicos que permeavam a programação da estação. Tinha Technicolor, dos Mutantes, Flight of the Rat, do Deep Purple, North Country Blues, do Bob Dylan, entre outras pérolas do rock. De todas as fitas gravadas, esta é a mais clássica, pois as músicas se completavam, além de estarem perfeitamente dispostas, quase como uma playlist, com coisas escolhidas a dedo.

uma segunda-feira com cara de segunda-feira

Posted in Dialeto Sulista by LEONARDO ST. on 06/07/2009

Do nada, lembrei que não tinha pago nenhuma conta – em pleno dia seis… Pois todas as faturas estavam atrasadas. Como meu celular ficou sem bateria por absoluta incapacidade minha em administrar carga e descarga do aparelhinho, acabei não recebendo ligações dos credores.

Menos mal.

Em meio ao expediente, saí do serviço e me enfiei nas filas de banco. Primeiro o BB, superpovoado, mas célere. Depois fui até o Bradesco, e então o dia praticamente acabou. Três caixas atendendo, sendo que o número um era destinado a clientes “especiais”. Um idoso ocupava a posição no caixa 1. Consigo, umas 48 faturas. A observá-lo, concluí que as contas não eram todas suas. Dã – todo mundo que frequenta filas de banco sabe que os idosos têm esse importante papel na sociedade moderna. Atrás do velhinho, um cidadão jovem carregando no colo uma criança gorda e velha, que poderia estar perfeitamente fora dos braços daquele idiota. Valeu-lhe uma boa furada de fila.

A verdade é que eu não frequento filas de banco, pago tudo pela internet. Mas eu mereci o dia de hoje.

Do nada, lembrei que este blog existe e resolvi postar.

novo blog

Posted in Dialeto Sulista by LEONARDO ST. on 24/06/2009

O título do blog é também o nome de um projeto musical que tenho.

Trata-se de uma releitura semiacústica de músicas que gosto, mas que não escuto com frequência. Mais ou menos assim: acho um som interessante e aprendo a tocá-lo. Gravo. Canto por cima, insiro um solinho de guitarra ou violão e quando estou satisfeito, finalizo a gravação.

Normalmente o resultado final só vai me agradar muito tempo depois, afinal o perfeccionismo está sempre presente para dificultar as coisas.

Mas o blog não tratará do mesmo tema. Aliás, ausência de temática deverá pautar os escritos neste casebre suburbano.

Até.